terça-feira, 7 de outubro de 2014

Vejo as notícias dos jornais que, de modo tão imparciais, divulgam os bons modos de candidatos derrotados e os grandes projetos, dos vitoriosos, a serem implantados logo na sequência de suas posses. 

Imagino... Não, não são os mesmos que para chegarem até aqui atacaram-se mutuamente, que fizeram grandes promessas, que no dia dos brasileiros irem às urnas, escolherem de forma democrática seus representantes, jogaram toneladas de papeis nas ruas com suas propagandas (talvez faltaram às aulas onde se ensina a não jogar lixo na rua).

Tudo isso, nos faz refletir... Cada candidato eleito ou não, é assessorado por muitas pessoas para construírem seus planos de governo, para o emprego do recurso público ou para a execução de suas propagandas eleitorais. A pergunta que ecoa é: até quando iremos promover ou assistir imóveis a condução das eleições de nossos representantes?

Talvez o sonho da transformação que liberta seja realmente uma utopia. Em especial, no país em que as pessoas esquecem tão rapidamente dos ensinamentos recebidos na escola. 

Não precisamos somente de políticos honestos, mas de pessoas que valorizem o bem comum. 
Por Clarice Borges

Palavras

Sonho com um mundo mais tranquilo onde a VIDA tenha mais valor!

Sonho com um olhar menos superficial para QUALQUER cor, raça, gênero...

Se não andasse tão apressada TALVEZ visse as flores pelo caminho.

Se parasse para refletir menos iria CONSUMIR.

Se não tivesse que CORRER tanto pudesse dar vez ao pedestre e evitaria muitos acidentes.

Se não ocupasse tanto com o FUTURO, bem provável, que boas lembranças guardaria.

É hora de DESACELERAR o passo, recorrer ao velho poema que marcou a infância, CALMAMENTE escrever aquele livro, EXPERIMENTAR a receita guardada na gaveta, rever as fotos antigas, ouvir a canção preferida ou simplesmente ficar a sós contemplando a MATURIDADE.

Por Clarice Borges

terça-feira, 16 de setembro de 2014

Hoje é um daqueles dias que a saudade em meu peito arde e as lágrimas saem sem controle. A mente repleta de lembranças do meu pai, que não posso chamar de velho, por ter sua vida descontinuada ainda tão jovem.

Descubro-me em pensamentos que revelam a vida difícil sem a sua presença: faz muita falta ouvir sua voz rouca e desafinada a cantar as modas de viola, os seus abraços desajeitados em um tempo em que os pais não tinham tanta liberdade de expressar afetividade pelos filhos, os seus ensinamentos para a educação dos meus filhos, os seus conselhos para as minhas decisões (mesmo que seja para optar pelo contrário à sua opinião), a sua força para meus momentos de fraqueza, as broncas para eu não me ferir por caminhos desconhecidos por mim e conhecidos pelo seu repertório de sabedoria popular, as conversas ao redor da mesa em dias de chuva e que, geralmente, a energia elétrica era interrompida, seus gostos, seu cheiro, seu olhar.

Lembro-me que, em tempos vividos em sua companhia, julgava-o um ser tão imperfeito: pelos estudos apenas iniciados, por fazer cigarros com as folhas dos meus cadernos, por recorrer ao álcool para refugiar-se da realidade, por não morarmos próximo aos seus familiares... Goiás, por derrubar as árvores para a nossa sobrevivência, por não ser um marido romântico.

Atentei-me, então, que a perfeição estava justamente em sua existência que provocava toda a sensação de segurança, de conforto e de sentimentos bons.  

Até com sua partida ensinou-me muito! A morte, também, passou a ter outro sentido; bem menos limitador e até poética. Pois, se de alguma maneira nos aproximar novamente. Posso filosofar em devaneios, mesmo sem perder de vista a realidade que é imposta.

Não mais terei a oportunidade de ligar para qualquer coisa, nunca mais dedicarei tempo para a escolha de um presente, seu perfume natural de mato verde não ocupará o meu olfato, não poderei cuidar de sua velhice, não brincará e nem passeará com meus filhos, seu sorriso ou seu sofrimento não será sentido por mim.

Alegro-me, mesmo assim, com pensamentos saltitantes de cada momento que tivemos entre tantos: o pedido de noivado em meio a notícia da gravidez, a festa de casamento, o nascimento dos netos, a formatura, a mudança de cidade, nossa última conversa.

Com essa enxurrada de recordações, uma canção de Cartola “As rosas não falam” parece desmistificar o meu coração:

Bate outra vez
Com esperanças o meu coração
Pois já vai terminando o verão enfim
Volto ao jardim
Com a certeza que devo chorar
Pois bem sei que não queres voltar para mim
Queixo-me às rosas, mas que bobagem
As rosas não falam
Simplesmente as rosas exalam
O perfume que roubam de ti, ai...
Devias vir
Para ver os meus olhos tristonhos
E, quem sabe, sonhar os meus sonhos
por fim

quarta-feira, 19 de dezembro de 2012

A OBSESSÃO PELO MELHOR



Por Leila Ferreira
Estamos obcecados com "o melhor".
Não sei quando foi que começou essa mania, mas hoje só queremos saber do "melhor".
Tem que ser o melhor computador, o melhor carro, o melhor emprego, a melhor dieta, a melhor operadora de celular, o melhor tênis, o melhor vinho.
Bom não basta.
O ideal é ter o top de linha, aquele que deixa os outros pra trás e que nos distingue, nos faz sentir importantes, porque, afinal, estamos com "o melhor".
Isso até que outro "melhor" apareça e é uma questão de dias ou de horas até isso acontecer.
Novas marcas surgem a todo instante.
Novas possibilidades também. E o que era melhor, de repente, nos parece superado, modesto, aquém do que podemos ter.
O que acontece, quando só queremos o melhor, é que passamos a viver inquietos, numa espécie de insatisfação permanente, num eterno desassossego.
Não desfrutamos do que temos ou conquistamos, porque estamos de olho no que falta conquistar ou ter.
Cada comercial na TV nos convence de que merecemos ter mais do que temos.
Cada artigo que lemos nos faz imaginar que os outros (ah, os outros...) estão vivendo melhor, comprando melhor, amando melhor, ganhando melhores salários.
Aí a gente não relaxa, porque tem que correr atrás, de preferência com o melhor tênis.
Não que a gente deva se acomodar ou se contentar sempre com menos. Mas o menos, às vezes, é mais do que suficiente.
Se não dirijo a 140, preciso realmente de um carro com tanta potência?
Se gosto do que faço no meu trabalho, tenho que subir na empresa e assumir o cargo de
chefia que vai me matar de estresse porque é o melhor cargo da empresa?
E aquela TV de não sei quantas polegadas que acabou com o espaço do meu quarto?
O restaurante onde sinto saudades da comida de casa e vou porque tem o "melhor chef"?
Aquele xampu que usei durante anos tem que ser aposentado porque agora existe um melhor e dez vezes mais caro?
O cabeleireiro do meu bairro tem mesmo que ser trocado pelo "melhor cabeleireiro"?
Tenho pensado no quanto essa busca permanente do melhor tem nos deixados ansiosos e nos impedido de desfrutar o "bom" que já temos.
A casa que é pequena, mas nos acolhe.
O emprego que não paga tão bem, mas nos enche de alegria.
A TV que está velha, mas nunca deu defeito.
O homem que tem defeitos (como nós), mas nos faz mais felizes do que os homens "perfeitos".
As férias que não vão ser na Europa, porque o dinheiro não deu, mas vai me dar à chance de estar perto de quem amo...
O rosto que já não é jovem, mas carrega as marcas das histórias que me constituem.
O corpo que já não é mais jovem, mas está vivo e sente prazer.
Será que a gente precisa mesmo de mais do que isso?
Ou será que isso já é o melhor e na busca do "melhor" a gente nem percebeu?

Leila Ferreira é uma jornalista mineira com
mestrado em Letras e doutora em
comunicação em Londres,
que optou por viver uma vida
mais simples, em Belo Horizonte

sábado, 1 de dezembro de 2012

O QUE ESPERO DE UM AMIGO


                                                                                                      
Espero...
Que ele seja meu amigo assim como sou dele (ou talvez mais um cadinho);
Que goste de mim como sou com defeitos e qualidades;
Que me defenda dos não amigos (nem que pra isso brigue com a metade da cidade e depois me diga que valeu a pena, pois a outra metade não interessava);
Que lembre do meu aniversário;
Que não passe a mão na minha cabeça se eu estiver errada, mas fique do meu lado;
Que brigue, discuta, grite , mas nunca vire a cara pra mim;
Que me questione e por vezes discorde de mim e me force a ver o outro lado;
Que seja verdadeiro, claro, fiel e solidário;
Que me faça falta (ah se ele tivesse aqui), ou não (que bom ele tá aqui);
Que reze por mim, se alegre com minhas conquistas e me sacuda quando eu não consegui, me mostrando sempre que posso e que está comigo pra me ajudar a tentar de novo;
Que me conte segredos e ouça os meus;
Que veja através dos meus olhos como estou me sentindo, mas mesmo assim me pergunte: e ai tá bem? E dai comece uma grande conversa;
Que seja psicólogo, psicoterapeuta, médico, advogado, decorador ou padre, tudo sem formação, mas com satisfação de contribuição e sigilo;
Que me atenda de madrugada só porque sou especial;
Que não tenha vergonha de ser meu amigo;
Que pense em mim quando não estou por perto;
Que me ensine a gostar de coisas novas;
Que fale besteira, me faça rir ou sorria comigo;
Que me perdoe por muitas, algumas ou inúmeras vezes não ser como ele quer ou idealize que eu seja;
Que me visite morando em uma mansão ou em um casebre;
Que leve "maçãs" quando eu estiver doente;
Que acredite por mim quando eu não tiver condições de acreditar;
Que esqueça toda a bondade que me fez ou faz para não cobrar depois;
Enfim, espero que ele seja apenas MEU AMIGO!
Mas, sei que muitas vezes falho com meus amigos e sou muito grata a vida que me concedeu amigos verdadeiros que me acolhem, que me ajudam, que me entendem e que me levantam!
Quando olho para minha história atual e encontro nela, ainda presentes, meus amigos de infância, as crianças que cresceram na mesma rua, os amigos de sala de aula desde a educação infantil, os amigos de faculdade, de pós-graduação, os amigos de trabalho... ahhh me sinto privilegiada. Mesmo com essa lista de esperanças em um amigo... na verdade só espero ter com quem contar, com quem compartilhar, com que sofrer, com quem sorrir.
Ao longo da vida o nosso percurso muda várias vezes e nestas mudanças alguns amigos se ausentam, se distanciam... mas cada um  a seu modo e ao seu tempo tem sua relevante importância em minha vida.
Obrigada por sua amizade!

sexta-feira, 26 de outubro de 2012

COMO PODEMOS E DEVEMOS EDUCAR OS NOSSOS FILHOS?



Uma questão muito complexa, isso ninguém contesta. Pois não há um curso preparatório para pais, ao contrário do que ocorre quando decidimos nossa atuação profissional, fazemos um curso superior, cursos de especialização e de formação contínua. Ser pai e mãe é algo que aprendemos na prática, através dos erros e acertos nas relações que estabelecemos com esses que nos foram confiados, configurando-se em uma grande responsabilidade: EDUCAR – eis a questão!

Todos nós, profissionais da educação ou não, nos deparamos com comentários de pais que se sentem frustrados diante de comportamentos indesejados de seus filhos, talvez, por não conseguirem fazer com que estes obedeçam, apresentem comportamentos adequados nos diferentes ambientes sociais e, assim, aderem às práticas como “castigos”, “surras” e “diálogos agressivos”. Porém, mesmo assim não alcançam o êxito na educação dos filhos.

No contexto da vida contemporânea, na dimensão do politicamente correto, proponho a reflexão sobre a importância do nosso exemplo. Pois, em consonância com os mais experientes na ARTE DE EDUCAR, os exemplos comunicam muito mais do que as palavras. Assim, é imprescindível que antes de cobrar dos filhos determinados comportamentos, nós os pais, procuremos educar a nós mesmos. Como podemos exigir que um filho não fume, se nós fumamos? Mesmo sob orientação de médicos e pressão de familiares?  Portanto, o ditado popular “faça o que eu digo e não o que eu faço” pode ser o maior erro na importante missão de educar. O exemplo é fundamental!

Segundo Aristóteles, filósofo, os bons hábitos se formam nas crianças pelo exemplo dos adultos. Além dessa regra de ouro, existem outras que podem contribuir na boa educação de nossos seus filhos:

·                    Explicite seus valores – Fale para seus filhos o que considera importante, o que espera que seus filhos aprendam ou o que é admissível ou não em sua opinião. Não espere que seus filhos adivinhem, o diálogo é uma importante metodologia para educar.

·                    As regras devem ser claras e expostas antes de aplicadas – Com linguagem simples e adequada, a idade da criança, os pais devem expor as regras. Evite falar muito com crianças pequenas. Com os filhos maiores, não há nada de educativo em dizer: "Porque não e pronto!" Essa dica é relevante sob a justificativa de que cada família apresenta regras diferenciadas, enquanto alguns pais aceitam a utilização de gírias e palavrões outros se sentem incomodados com tal comportamento.

·                    Agredir fisicamente ou verbalmente não educa - Comentada as regras da família, os gritos, as surras podem ser prejudiciais, transformando a relação entre pais e filhos em uma guerra, provocando o desgaste de ambas as partes. É gratificante quando os filhos obedecem por respeito e amor, não por temor.

·                    Seja firme – Depois que as regras, os limites, o que é permitido e o que não é permitido foi exposto não mude a toda hora de ideia, de acordo com seus próprios interesses. A inconstância dos pais pode ocasionar o mau comportamento dos filhos, uma vez, que estarão sempre testando, para ver até onde poderão ir e causando a indisciplina, além de problemas de ordem emocional.

·                    Não seja negligente – Investir em tempo e estratégias para disciplinar os filhos mostra que existe preocupação, empenho. Além de ser interpretado como um ato de amor.

·                    Respeite seu cônjuge – O respeito do esposo pela esposa e vice-versa contribui para confirmar para os filhos que esse comportamento é o mesmo a ser apresentado por eles.

Para finalizar, por um breve momento, a reflexão aqui estabelecida vale destacar uma definição, de autor desconhecido, que circula nas redes sociais:
 “Filho é um ser que nos emprestaram para um curso intensivo de como amar alguém além de nós mesmos, de como mudar nossos piores defeitos para darmos os melhores exemplos e de aprendermos a ter coragem. Isso mesmo! Ser pai ou mãe é o maior ato de coragem que alguém pode ter, porque é se expor a todo tipo de dor, principalmente da incerteza de estar agindo corretamente e do medo de perder algo tão amado. Perder? Como? Não é nosso, recordam-se? Foi apenas um empréstimo!”